Gases do efeito estufa afetam atividade natural na Região

Foto: Fabrício Coleny

Detalhe da floresta amazônica na APA Belém (Belém-PA)

A análise inicial de informações pesquisadas revelam um sistema à beira do colapso. É o que revela um estudo financiado pelo National Geographic Society que desde 2019 reúne 30 pesquisadores especialistas em floresta amazônica que investigaram novas maneiras de analisar os dados existentes para se chegar a um panorama abrangente.

Com a destruição do ecossistema, a região também passa a contribuir para os efeitos do aquecimento global. O trabalho revela que o aumento das temperaturas, a estiagem e o desmatamento estão contribuindo para a redução da capacidade da floresta de absorver dióxido de carbono da atmosfera, fazendo com que, em algumas regiões, a quantidade de carbono liberada seja maior que a capacidade de absorção.

Como já se sabe, a Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e reúne a maior quantidade de espécies de fauna e flora do planeta, muitas delas ainda nem catalogadas, e que a região tem papel imprescindível para o clima global, graças à capacidade de absorção de CO2. Assim, as atividades, tanto humanas quanto as que são inerentes à própria floresta em si, podem alterar de maneira significativa o clima, aquecendo o ar de forma direta ou liberando outros gases de efeito estufa que causam o aquecimento.

Foto: Fabrício Coleny

Vista da Ilha do Combu para Belém-PA

Uma das preocupações é com as estiagens causadas pela compactação do solo e erosão dos cursos de água, resultantes da exploração de madeira, o que pode aumentar a emissão de óxido nitroso. Os incêndios, que tanto têm aumentado, em especial nos últimos dois anos, liberam carbono negro: pequenas partículas de fuligem que absorvem a luz solar e aumentam o calor. O desmatamento pode alterar os padrões de chuva, o que resseca e aquece ainda mais a floresta. Inundações indiscriminadas para a construção de barragens e a pecuária, liberam metano, um dos principais motivos pelos quais as florestas são destruídas.

Os cientistas observam temerosos os impactos cumulativos desse processo e sua ação rápida e devastadora. Estima-se que o aquecimento atmosférico de todas essas fontes combinadas agora parece saturar o efeito de resfriamento natural da floresta.

A pesquisa foi publicada recentemente no periódico Frontiers in Forests and Global Change. “O desmatamento da floresta está interferindo na absorção de carbono, o que é um problema. Mas quando começamos a avaliar esses outros fatores juntamente com o CO2, é bem difícil visualizar que o efeito líquido não signifique que a Amazônia como um todo esteja de fato aquecendo o clima global.”, afirma Kristofer Covey, autor principal do trabalho e professor de estudos ambientais da Faculdade Skidmore de Nova York.

Foto: Fabrício Coleny

Vista de Belém no Parque Estadual do Utinga

Entretanto, o estudo aponta que o dano ainda pode ser revertido, desde que se diminuam as emissões globais CO2, mas o principal é conter o desmatamento na Amazônia e tentar recompor as áreas devastadas, além de frear a construção de barragens. Caso contrário, as consequências desastrosas poderão ser sentidas no mundo inteiro no mundo inteiro.

Por: Fabrício Coleny – Jornalista, publicitário

Com informações de National Geographic